Em quase toda a literatura sobre direito de família, fala-se muito dos direitos dos cônjuges e muito pouco sobre o direito das crianças, que são as grandes vítimas de uma separação.
Não estamos aqui querendo apelar para um mundo fictício onde as pessoas se casam, têm filhos e são felizes para sempre, até que a morte os separe. Isso está muito longe da realidade.
Mas, diante de um fato difícil – uma separação – os adultos PRECISAM preservar as crianças… e infelizmente não é isso o que ocorre na grande parte das situações.
Os adultos se conhecem, se apaixonam, resolvem se casar, ter filhos… e depois vêem que não é mais possível continuarem juntos. Seja porque brigam muito, seja porque se apaixonaram por outra pessoa, seja por qualquer motivo. A decisão pela separação pode ser de um só ou dos dois. E como atualmente o divórcio pode ser decretado independente da vontade do outro cônjuge, a separação será um fato.
E neste cenário (volte e releia o parágrafo acima), vocês percebem que as únicas pessoas que não decidiram nada foram os filhos? Os adultos namoraram. Os adultos se casaram. Os adultos resolveram ter filhos. Os adultos resolveram se separar.
Por que então, na separação, os “adultos” resolvem dividir todas as suas dores com os filhos, falar mal do outro cônjuge, competir, fazer chantagem, etc etc?
Percebem como isso não faz nenhum sentido, nem se considerarmos tão somente o aspecto lógico?
Veja, quando a mãe, ex-esposa fala mal do pai para o filho… FOI ELA QUE ESCOLHEU O PAI DO FILHO. O filho nasceu daquele pai por escolha dela. Portanto, se ele não foi um bom marido ou se não é um bom pai, não é responsabilidade do filho e sim dela, que fez uma péssima escolha!
Agora, ela, uma mulher, querer dividir a dor dela com a VÍTIMA????
Da mesma forma o pai… Isso se aplica a ambos! Oras, não venha ele dizer que a mãe da criança é isso ou aquilo… Foi ELE que escolheu. Qual a obrigação de a criança ficar ouvindo esta ladainha?
A CRIANÇA É A VÍTIMA DESTA SITUAÇÃO, compreendem?
Este assunto muito me mobiliza porque crianças e adolescentes não são emocionalmente maduros. E para elas, ouvir as pessoas falando mal do seus pais, que ela ama, é duro. DÓI. É triste.
Os adultos estão extravasando uma raiva, mas estão trazendo uma dor sem fim para a criança, que ela não vai saber elaborar. Muitas vezes, vai tomar as dores de um ou outro, normalmente daquele com quem mora e pode entrar em confusão mental, afinal, ela também ama o outro.
Adultos, sejam maduros. Façam suas opções de vida de forma consciente. Não prejudiquem a formação das crianças. Hoje vocês podem achar que a criança é muito bem resolvida com a situação, mas não tem ideia ainda das consequências que ela terá em sua vida adulta.
Traumas que poderiam ser evitados estão sendo criados.
É direito das crianças terem paz e crescerem em um ambiente saudável.
O casamento não deu certo? Tudo bem, mas não transforme a vida das crianças em um inferno. Não dispute atenção. Não faça chantagem com pensão alimentícia. Não fale mal nem do outro genitor nem da família dele para a criança. É importante que a criança tenha as duas referências familiares.
Deixe suas raivas e infantilidades, para tratar com um psicólogo, ou na igreja, ou com amigos, ou seja lá onde você puder extravasar.
Mas deixe seu filho fora disso. Ele agradece. E a sociedade também.
Se esse artigo puder interessar a alguém que você conhece, não deixe de enviar!